quinta-feira, 19 de abril de 2018

Vamos falar sobre disfonia infantil?

A fonoaudióloga Lílian Kuhn explica como a alteração da voz em crianças pode interferir em sua autoestima e suas relações sociais


dtm atm boca mandíbula dor criança  (Foto: Thinkstock)

Rouquidão, falha na voz, sensação de voz cansada, voz muita fina ou muito grossa são sinais de disfonia infantil (Foto: Thinkstock)


Abril é um mês de muitas datas importantes para a Fonoaudiologia. Passado o Dia de Conscientização sobre o Autismo no dia 02 de abril, chegou a hora de alertarmos para os cuidados com a voz. Dia 16 de abril é comemorado o Dia Mundial da Voz, campanha criada no Brasil em 1999 e que desde 2003 passou a ser adotada em todo o mundo.

Apesar de tanto tempo, a luta dos profissionais para conscientização da população ainda vai longe... Essa é uma área de atuação que traz muitos desafios, pois associamos o padrão de voz das pessoas a características psicoemocionais quando, por exemplo, uma voz rouca é tida como sedutora ou uma voz grossa é relacionada a um perfil de personalidade dominante. Muitas vezes utilizamos, conscientes ou não, de variadas qualidades vocais para passarmos nossas emoções e intenções.

Entretanto, no caso do público infantil, devemos lembrar que as crianças ainda estão em formação física e socioemocional. Isto significa que a alteração da voz em crianças pode interferir em suas relações com adultos e crianças, nos processos educacionais e também na sua autoestima. Já parou para pensar que um vozeirão pode ser decorrente de uma alteração fisiológica, que chamamos de disfonia infantil?

Quais são os sintomas mais comuns?

Mesmo que a criança não diga literalmente “está difícil falar”, toda dificuldade ou alteração na produção de sua voz é um problema de voz. Rouquidão, cansaço ou até falta de fôlego ao falar, voz fina ou grossa demais, fraca ou forte mais do que o esperado são os principais sintomas de quadros de alteração vocal.

O que NÃO se deve fazer?
Usar muito a voz (gritar ou falar por longos períodos), cantar sem preparação e/ou acompanhamento profissional, pigarrear, falar sussurrado ou com esforço/dor. E nada de fazer receitas caseiras que podem piorar o quadro, combinado?

Quando devo agir?
Se seu bebê nasceu rouco, se o seu filho reclama de dor ou desconforto ao falar, se você observa que a voz do seu pequeno mudou de repente e não voltou ao normal depois de 15 dias (ou mais), se só melhora quando ele fica uns dias sem falar - e ao voltar ao ritmo normal -, a voz piora novamente.

O que fazer se desconfiar de uma disfonia?
Marque uma consulta com um otorrinolaringologista e com um fonoaudiólogo especialista em voz. Juntos, eles saberão te dizer o que está causando tal alteração e qual será a melhor forma de tratá-la. Determinada a causa da disfonia, pode se considerar fonoterapia, cirurgia e/ou psicoterapia.

Disfonia infantil tem cura?
A alteração pode ser permanente, aparecer algumas vezes ou desaparecer para sempre. Tudo isso dependerá da causa naquela criança específica. Por outro lado, mesmo que não tenha “cura”, sempre há o que melhorar! Então não se deve esperar para ver se passa, ok? Na dúvida, consulte um profissional.

Como cuidar da voz das crianças?
Oriente-as a falar sem esforço e articulando bem as palavras, ofereça água durante todo o dia e alimentos saudáveis e naturais, balanceie as atividades calmas com mais agitadas e que exigem mais fala, evite conversar em lugares ruidosos, não interrompa as narrativas das crianças e ouça-as com atenção, não permitia competição entre diferentes sons (várias crianças falando ao  mesmo tempo, televisão ligada, etc), cuide da boa respiração - evite expô-las a cheiros fortes e  fumaça. E, claro, dê o exemplo sendo um bom modelo de voz!

Em se tratando de crianças, sempre considere os caráteres de Prevenção e Intervenção precoce nas ações de saúde. Prevenir problemas de voz, ensinando às crianças sobre como ter bons hábitos vocais (por exemplo, não gritar!) e as consequências destes para seu corpo e intervir precocemente quando os primeiros sinais de rouquidão aparecerem. Seja amigo das vozes das crianças (e da sua também)! Vamos nessa?

Fonte: Revista Crescer

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